ANÁLISE - MORTAL KOMBAT X

 

Mortal Kombat é uma excelente série de jogos de luta que há mais de 20 anos explora a violência exageradamente cômica. Mas, ao mesmo tempo, seus combates conseguem ser simples para jogadores casuais, e avançados para os mais experientes no gênero. Nessas mais de duas décadas, os pilares que mantêm a franquia de pé, com seus personagens, mundos alternativos e muita "karnificina", evoluíram bastante, até chegar ao ponto de passar o bastão para uma nova geração.

Mortal Kombat X é prova deste amadurecimento da franquia idealizada por Ed Boon e John Tobias. Ela estreia na nova geração de videogames trazendo lutas muito gostosas de jogar e de assistir, seja você um jogador de games de luta, seja você um amante dos blockbusters. A nova versão está entre os melhores jogos de toda a série, tanto por conta de seu visual quanto de seus controles com resposta rápida e a violência exagerada característica.

 

  +   PONTOS POSITIVOS     

 

Tecnicamente, "Mortal Kombat X" refina os sistemas do jogo de 2011: o combate rápido e combos de fácil execução. É muito fácil começar a jogar, dar uma olhada rápida na lista de movimentos especiais e se divertir trocando socos, chutes e fraturando os amigos. Mas por trás dessa simplicidade, há um sistema mais complexo de combos, cancelamentos e estratégias que você só aprende praticando no modo de treinamento (ou estudando as listas de golpes avançados).

Cada personagem conta com três variações de estilo, o que amplia o leque de possibilidades para os jogadores. Duas pessoas lutando com Jax, por exemplo, podem adotar técnicas e estratégias distintas, um mais voltado para agarrões, o outro apelando para rajadas de metralhadora. Os movimentos básicos e os principais golpes especiais dos personagens são os mesmos em todas as variações, assim como os Fatalities. Ou seja, você não precisa reaprender todos os movimentos, apenas os truques específicos do estilo.

As arenas, cheias de detalhes graças ao hardware mais poderoso dos novos consoles, trazem muitos elementos interativos: você pode arrancar um galho e golpear o adversário, arremessar objetos e até personagens da 'platéia' nos outros lutadores, se pendurar em cipós e, principalmente, usar objetos nos cantos da tela para saltar para outro lado. Isso torna as lutas mais dinâmicas, ao impedir que alguém fique preso no canto.

Os Fatalities estão muito sanguinários, com órgãos fatiados ao meio, tripas sendo arrancadas pela boca e outros excessos viscerais. Curiosamente, a violência é tamanha que é provável que os jogadores não fiquem chocados como no passado, quando Kano se limitava a arrancar o coração dos oponentes. É uma coisa exagerada, quase infantil, como um desenho de "Comichão e Coçadinha" num episódio dos "Simpsons" - É violento? Sim, mas muito divertido.

Mais do que em qualquer outro "Mortal Kombat", a máxima "fácil de jogar, difícil de dominar" se encaixa perfeitamente no jogo, o que deve melhorar bastante o competitivo do game, sempre colocado em segundo plano diante dos "Street Fighter", "Marvel vs. Capcom", "Guilty Gear" e "King of Fighters".

"Mortal Kombat X" capricha no plantel de lutadores: são 23 lutadores (mais o monstruoso Goro, se você fez a compra antecipada), com uma boa variedade de veteranos, favoritos dos fãs e estreantes - cada um com seus três estilos distintos.

Vários personagens clássicos aparecem bastante modificados na campanha, como os shaolin Liu Kang e Kung Lao, ou mesmo o ninja Scorpion, mas estão disponíveis em suas versões tradicionais nos outros modos de jogo, com todo o arsenal de golpes que os fãs conhecem - esperteza da NetherRealm, que assim consegue ousar na campanha sem irritar os jogadores nostálgicos.

Entre os novos combatentes, há desde lutadores mais "tradicionais", como Cassie Cage (que traz técnicas similares aos pais, Sonya Blade e Johnny Cage), Jacqui Briggs (filha de Jax que combina a força bruta do pai com muito mais velocidade), até personagens bastante exóticos. Destaque para a dupla Ferra/Thor: um gigante muito forte e rápido que é acompanhado por uma garotinha psicótica.

Para depois do lançamento, a NetherRealm já prepara quatro novos lutadores: o ninja Tremor, Tanya (que já aparece na campanha), Jason (de "Sexta-Feira 13") e Predador (o caçador espacial e colecionador de crânios do cinema). Um ponto positivo disso é que esses personagens, assim  como Goro, podem ser "testados" quando aparecem nas Torres dinâmicas, mesmo por quem não comprou o DLC.

Maior acerto do "Mortal Kombat" de 2011, a campanha solo do game deu um tratamento cinematográfico para a narrativa complexa da série, antes apresentada apenas em cenas curtas e textos nos finais do jogo. Agora, a NetherRealm prossegue com a trama, reescrevendo a história de "Mortal Kombat IV", mas levando em conta os eventos do jogo anterior.

A trama gira em torno do feiticeiro Quan Chi e do deus maligno Shinnok, mas também envolve a transição de gerações, com personagens veteranos abrindo espaço para Cassie Cage, Kung Jin e outros novatos. O mesmo acontece na Exoterra, onde Milena luta contra Kotal Khan e sua gangue pelo trono do imperador após a queda de Shao Khan.

Tretas antigas também tem lugar em "Mortal Kombat X", como a rivalidade dos ninjas Scorpion e Sub-Zero; a relação entre Johnny Cage, Sonya e Jax e até mesmo entre Liu Kang, Kung Lao e o deus do trovão Raiden.

A história nem sempre consegue explicar direito tudo o que acontece no jogo, principalmente por já começar bem depois dos eventos do último "Mortal Kombat". Outra queixa é a ausência de alguns personagens, como Goro, na campanha. Os chefões finais de "MKX" não são tão legais ou desafiadores quanto foi Shao Khan no game anterior.

"Mortal Kombat X" traz muitas atrações fora da campanha solo e que motivam os jogadores a explorarem as outras modalidades. Logo de cara, há a Guerra de Facções, que coloca todos os jogadores do mundo em uma grande batalha por influência. Todas as suas ações (ganhar lutas, avançar na campanha, vencer desafios) contam pontos para a facção escolhida no início do jogo.

Essa facção oferece em troca algumas finalizações exclusivas para os jogadores (que podem ser usadas por qualquer lutador que você controle), entre outros bônus. A guerra dura uma semana, depois da qual o ranking é zerado e tudo começa outra vez.

Diariamente, o jogador recebe desafios da facção, que podem ser cumpridos nas partidas online ou nas torres, nome dado ao modo arcade do jogo. Você tem torres tradicionais, onde luta contra uma certa quantidade de inimigos, mas há também as torres vivas, que mudam suas características e trazem desafios próprios de tempos em tempos.

Também há a Kripta, que traz vários itens colecionáveis, trajes alternativos para os lutadores, finalizações para desbloquear, moedas e outras recompensas para os jogadores que exploram seus segredos. Vagar pelos corredores labirínticos da Kripta, gastando as moedas acumuladas nas lutas é quase tão viciante quanto trocar socos e pontapés em "Mortal Kombat X".

   -  PONTOS NEGATIVOS    

Um dos principais argumentos de venda de "Mortal Kombat X", ostentado na capa do jogo nacional e nas peças publicitárias, é a dublagem em português com a cantora Pitty como a lutadora Cassie Cage. Infelizmente, o resultado está bem abaixo das dublagens de games mais recentes - e a culpa nem é só da Pitty.

"Mortal Kombat X" sofre com uma tradução ruim e falta de coordenação na localização. Frases que não batem umas com as outras em alguns diálogos sinalizam que faltou alguém verificar o resultado antes de colocar tudo no jogo. Da mesma forma, a edição do áudio de alguns personagens (como Erron Black e Goro) ficou ruim, com frases inaudíveis.

Sobre Pitty, a cantora tem uma interpretação irregular: em muitos momentos é fraca e sem interpretação, bem diferente da maior parte dos colegas. Em outros, durante a campanha, suas falas funcionam bem e você percebe o esforço em imprimir alguma emoção ao personagem. Faltou experiência? Sem dúvida. Faltou orientação? Também. Há todo um conjunto de falhas na dublagem do game que vão além da participação de Pitty e afetam também os textos de outros personagens.

Uma falta que muitos iram sentir são alguns personagens classicos, como a dupla robotica Ketchup e Mostarda (Sektor e Cyrax), Noob Saibot, Nightwolf, Jade, alguns chegam a aparecer no modo historia mas não são jogaveis, bem que poderiam ter disponibilizados os mesmos no modo versus pelo menos para a alegria dos mais nostálgicos, mas fora isso nada que decepcione muito os fãs da série, quem sabe a NetherRealm não disponibilize futuramente um pack com esses lutadores.

 

                   PRÓS

  • Violento e divertido
  • Bom plantel de lutadores (nova geração de kombatentes)
  • Campanha solo
  • Combates simples e ao mesmo tempo bastante técnicos
  • Muito conteúdo
                 CONTRAS  
 
  • Faltam personagens clássicos (ex: Sektor, Cyrax, Noob Saibot, Jade) 
  • Dublagem brasileira
NOTA
 
por: Jhalym